"50+1 muss bleiben", e a Luta pela Autonomia

Muitas pessoas me perguntam porque a Bundesliga na Alemanha ainda não entrou na espiral liberal do Futebol Moderno onde qualquer investidor dos infernos pode comprar e vender um time como quiser. Na Inglaterra, por exemplo, já é assim e esse Modelo se mostrou desastroso para os clubes e principalmente seus torcedores, vide o caso do Manchester United com o grupo americano Glazer.

Na Alemanha isso não ocorre por força da regulamentação, denominada em Terra Germanis de “50+1-Regel” (ou Regra do 50%+1) da Federação Alemã de Futebol. Por essa regra nenhum investidor pode deter mais que 49% das ações de um clube filiado a DFB. Isso obriga todos os clubes a manterem maioria de suas ações e uma certa autonomia em relação aos grandes investidores estrangeiros. Assim nenhum maluco milionário, bufando para lavar dinheiro, pode compra de uma hora para outra um clube alemão de futebol, como ocorreu com o Portsmouth, Chelsea FC, Manchester City e tantos outros clubes ingleses.

Mas como tudo na vida está em movimento, essa regra vive sendo criticada, sabotada e burlada pelos agentes do Futebol Moderno a serviço dos vampiros especuladores. Recentemente Martin Kind, presidente do Hannover 96, tentou recorrer na Permanent Court of Arbitration contra a “50+1-Regel” alegando que essa regra é uma barreira para as liberdades de investimento. O mesmo Martin Kind já havia perdido no ano passado por ampla maioria, na plenária geral da DFB, o pedido de anulação dessa regra. Mas uma prova que esses agentes do Futebol Moderno não respeitam a voz da maioria e odeiam Democracia.

Existe uma mobilização constante por parte dos torcedores Germânicos pela manutenção dessa Regra. Em todos os jogos, panfletos, adesivos, cartazes, mosaicos e o que possas imaginar são produzidos com as palavras de ordem “50 + 1 muss bleiben” (Traduzindo, 50+1 deve ser mantido). O maior medo de um torcedor alemão atualmente é ver a tradicional Bundesliga se tornar um Campeonato Inglês da vida, com ingressos custando uma fortuna, tradições vendidas e clubes sem identidade.

Nenhum investidor pode nem deve comprar um clube, as tradições não devem ser privatizadas. Um clube de Futebol pertence apenas àqueles que giram a catraca nos dias de jogos, ou seja sua própria Torcida.