J. Hawilla e a Elitização do Futebol

"J. Hawilla prevê um novo perfil dos torcedores nos estádios nos próximos anos no Brasil. "A turma que vai à geral agora, ficará assistindo só na tevê. É gente que não consome nada, depreda e mata no metrô. Não interessa mais ao futebol. Dá orgulho ver o público pagar R$ 300 pelo ingresso. Não defendo a elitização. Mas o futebol precisa de dinheiro.""

As palavras acima foram ditas ao jornal "O Lance" no dia 13 de Maio de 2010, pelo dono da impresa TRAFFIC, que realiza parcerias com clubes de futebol, incluindo o Palmeiras.
Essa infeliz declaração, de um dos representantes do futebol moderno, do futebol comércio, traz a tona um assunto sobre o qual eu sempre quis dissertar aqui no blog.
Vou usar o Beira Rio como exemplo, pois o vivencio todas as semanas de minha vida, mas tenho certeza que o que direi aqui servirá também para muitos outros estádios brasileiros.
O Inter está em meio a uma disputa de quartas de final de Libertadores e todos sabemos que essa competição atrai mais imprensa, mais mídia, mais glamour e com isso mais interesses.
Aproveitando a Libertadores, que é um campeonato que todos os torcedores de sofá resolvem virar "fanáticos" a diretoria do Inter lançou a "Área Vip colorada". Trata-se de um espaço onde os torcedores podem confraternizar, conversar, pedir autógrafos, tirar fotos e obviamente assistir ao jogo com ex jogadores do clube, jornalistas e celebridades em geral, comendo e bebendo a vontade. Claro, que toda essa mordomia custa caro, são R$ 150 por pessoa. E é aí que entra o assunto pelo qual citei a declaração.

As diretorias dos clubes preocupam-se somente em criar meios onde quem tem um poder aquisitivo maior possa pagar mais caro por mais conforto, colocando o jogo de futebol em segundo plano. Já que temos setores do estádio onde se paga mais caro e se tem um monte de regalias, porque não podemos ter um setor mais POPULAR no estádio, um setor que custe R$ 5,00 o ingresso, porque não? as pessoas que frequentariam este setor estariam cientes que pagando barato, tem-se menos conforto, mas mesmo assim não excluiria as pessoas mais pobres dos estádios, da diversão.
Queremos somente a nossa coréia, suja, de pedra e sem lugar para sentar, mas que nos permite a emoção de ver o nosso time em campo e isso é o mais importante.
No mundo, vivemos todos os dias contra tudo aquilo que segrega uma sociedade, tentamos fazer com que todos sejam iguais, tentamos aproximar as pessoas e faze-las lutar por um mesmo ideal, e infelizmente, o FUTEBOL, que era para ser uma forma popular de lazer onde todos são torcedores iguais, está cada vez mais se tornando uma forma de segregar, separar as pessoas em classes.
Não vivemos num regime democrático? onde está a Democracia no futebol?
O senhor J.Hawilla tem razão, brevemente as pessoas que frequentam as Arquibancadas "gerais" ficarão de fora do jogo, vendo na televisão,pois para os clubes, a mídia e o futebol moderno essas pessoas realmente não interessam mais.