Stickerkunst, a Guerra dos Adesivos

Se andares pelas ruas de qualquer cidade alemã, e tiveres olhos atentos, notarás que os postes e as paredes não estarão sozinhos. Esse estereótipo de que todas as cidades germânicas são milimetricamente limpas se tornar falso, principalmente nas grandes cidades ou em qualquer lugar que detenha algum clube de futebol descente. Toda essa diferença visual está na Arte dos Adesivos, ou na língua alemã Stickerkunst.

Essa forma de arte nasceu nos anos 90, mas aparentemente levou uma década para ser transcrita aos estádios saxões. Simples, fácil, barato e com menos riscos aos “torcedores-artistas”, pois agora era bem mais rápido deixar a marca de seu time em território alheio ou em qualquer lugar na cidade. Velocidade é a principal vantagem de um adesivo, onde não é necessário a mesma paciência e habilidade tão demandada no Grafite ou qualquer spray.

Basta atingir qualquer, parede, poste ou objeto com os adesivos dos respectivos clubes ou bancadas e trabalho já está feito. As ruas viraram territórios a serem conquistados. Principalmente quando o jogo é fora de casa, onde tudo que se ver vira alvo em potencial, motivo para deixar a marca com as mesmas cores da arquibancada. Postes, portas, muros, semáforos, placas, cadeiras, mesas, elevadores, auto-estradas, trens, carros, motocicletas, janelas, paradas de ônibus, sinais de trânsitos, enfim, tudo é alvo.

Cada núcleo seja Ultra, Fanprojekt ou Kutten irá produzir independentemente seus adesivos para serem colados por todas as cidades. E muitas vezes colado por cima dos adesivos dos clubes rivais. Vale tudo nessa guerra, o adesivo virou em objeto tão comum nos estádios germânicos quanto qualquer bandeira ou cachecol.

Para as autoridades esse fenômeno chega a ser cômico de se observar, devido à velha tradição Alemã de querer sempre apagar o passado ou esconder a própria história. Isso deve ser o mais rápido possível, para que ninguém possa julgar ou avaliar nada. Traumas de guerra nessas terras, que viraram quase uma obsessão governamental.

Por exemplo, se pode participar do mais violento 1° de maio, onde carros sejam queimados, barricadas sejam construídas e spray de pimenta tenha voado para todos os lados, é só esperar algumas horas que no dia posterior a prefeitura irá mandar literalmente um exército de operários da limpeza urbana, para garantir que visualmente nada ocorreu no lugar. Daí o falso estereótipo de que tudo é milimetricamente organizado e limpo. Mas que por trás dessas aparências ocorrem as mais diversas contradições.

Quando chega no Futebol, as autoridades não conseguem limpar tudo, por uma simples razão matemática, são centenas de adesivos produzidos a cada jogo e não há operariado da limpeza urbana neste planeta que consiga da conta do recado. Ou seja, a Torcida vence no número de pessoas e adesivos... E não adianta mandar a onipresente FIFA proibir, a Stickerkunst sempre estará presente nas arquibancadas.