quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Demanda Reprimida do Nacionalismo Alemão

Viver na Alemanha é estranho, não existe país mais sequelado historicamente do que esse. Respira-se traumas, paranóias e cicatrizes por todos os lados, e no Futebol não poderia ser diferente.

Estava presente na bancada, quando a seleção Alemã atropelou o Azerbaijão enfiando um chocolate de 4 tentos na semana passada. Miroslav Klose entrou apenas no segundo tempo, marcando ainda 2 gols, e como diria o velho José Trajano, me recuso em acreditar que esse cara seja considerado craque.

O que mereceu destaque nessa partida foi o clima da torcida. Já falei sobre o fanatismo alemão em relação ao futebol e seus respectivos clubes, mas nunca tinha visto essas manifestações para com o País ou a Nação, seja lá o que isso signifique.

Hoje, o comportamento padrão de um Alemão, em relação à quase tudo na vida, é sempre negativista. E quando o assunto vai para história ou política, a reação é sempre de culpa na defensiva.

Não vou dissertar sobre as razões de disso tudo, mas é irritante por aqui esse clima eterno de que nada dar certo e que tudo não presta. Qualquer iniciativa para com a vida que possas ter, sempre vai ter algum germânico do seu lado para lembrar que isso vai dar errado por analíticas razões. É o racionalismo levado ao extremo, onde todos morrem no pessimismo. Nietzsche não era Alemão por acaso...

Tudo isso se inverte quando o assunto é a Fußballnationalmannschaft, a gloriosa seleção alemã de Futebol. Tudo aquilo que era reprimido e considerado politicamente incorreto é liberado, é nesse momento que o Orgulho Alemão deixa de ser um tabu e o velho Pan-germanismo volta com toda força. A histeria e bandeira tricolor alemã são tratados como iguais.

Esse é o Disturbio Bipolar da psicologia moderna germânica, durante as semanas e dias comuns, nada na alemanha presta e deve-se ter vergonha de ser alemão, mas se a seleção entra em campo, „Deutschland über alles” eternamente. Essa atitude, nem Sigismund Schlomo Freud explicaria!!!

Os „Nationalelf”, os onze da seleção nacional, canalizam um orgulho nacional que não se ver normalmente. Eles representam o único momento que os velhos saxões podem levantar as bandeiras e as cores da nação.

Vi amigos e colegas que jamais se comportariam dessa forma numa situação cotidiana, pessoas que até já me repreenderam por ter aprendido as notas musicais do hino national alemão. Mas quando a Mannschaft entrou em campo cantaram com todo rigor e orgulho a velha „Das Lied der Deutschen

Muitos chamam isso de patriotismo, outros de social-chauvinismo e alguns simplesmente de saudosismo, mas isso é um outro debate.

Se o Brasileiro só é patriota em época de copa do mundo,

Um Alemão só tem direito ao patriotismo quando o assunto é Futebol.



7 comentários:

  1. Muito massa o texto, cara!

    Conheci um alemão há uns anos... E chegava a ser "engraçado" a forma como ele se comportava quando começávamos a discutir política e história. Ele realmente se colocava em uma posição defensiva e demonstrava uma enorme vergonha. Mesmo ele sendo um jovem de 20 anos (na época).

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  2. fred,

    gostei muito do texto. essa relação de amor no futebol e ódio no cotidiano da população alemã em geral relacionada à sua pátria não me parece muito diferente da que vemos em terra brasilis.

    desviando um pouco do assunto, gostaria de sugerir o tema do orgulho regional e a sua manifestação no futebol de clubes por aí.

    abraço,
    davi

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  3. desviando um pouco do assunto, gostaria de sugerir o tema do orgulho regional e a sua manifestação no futebol de clubes por aí.²
    _

    Gosto muito do blog, mas acho que as postagens estão se afunilando muito à alemanha, gostaria de ler mais coisas sobre o resto do mundo.

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  4. Só dois reparos: Nietzsche, apesar de considerado filósofo alemão, nasceu em Röcken, hoje território da Suíça.

    E o pessimista, na filosofia alemã, é Arthur Schopenhauer.

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  5. Judeu, acho que vc se enganou nessa observação aí sobre a nacionalidade de Nietzsche.

    Röcken fica na Sachsen-Anhalt, bem no meio da Alemanha... Isso fica apenas a 2 horas e meia daqui de Hannover. Próximo de Leipzig...

    http://www.virtusens.de/walther/roecken.htm

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  6. Complicado pq o nacionalismo deles é reprimido, o que é péssimo.
    Continuem com o blog, muito bom sempre

    ROGER

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  7. Verdade, estás certo. Confundi com o tempo que ele lecionava em Basel, essa sim, na Suíça.

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