Houve um tempo em que o futebol era feito pro torcedor. O futebol era uma guerra, os jogadores representavam toda uma nação. Os estádios já não acomodavam todos os torcedores e foram ficando cada vez maiores, temos o Maracanã, Morumbi, Mineirão, Arruda, Magueirão, Rei Pelé e outros estádios assim. Isso foi até a década de oitenta mais ou menos.
Numa época em que os jogadores da seleção jogavam no Brasil, os torcedores clamavam no estádio que seus ídolos eram seleção. E eram mesmo. Ainda nesse tempo, era comum se ver uma festa de bandeiras nas arquibancadas, gerais lotadas de pessoas de pé, pagando pouco iam para um lugar péssimo; mas felizes e cantando pelo time.
Quando chegou o futebol moderno (ou seria o futebol-negócio) que as coisas começaram a mudar. Estádio virou coisa do passado, a moda agora é Arena- Multiuso, com teto, cadeirinha, todo mundo sentado, ingressos cada dia mais caros e um futebol cada vez pior. Os clubes estão virando empresa, quem é o dono de tal time, ou é um grupo de investidores, ou um único investidor, como o Chelsea.
E a torcida? A torcida no Brasil está cada vez mais de resultado, vitórias enchem os cofres dos clubes, derrotas transformam-se em prejuízo e a famosa “cornetagem” já começa. A torcida está se transformando em platéia, jogo em espetáculo - como um bom espetáculo muitas vezes o roteiro já vem escrito pelo homem de preto (que hoje usa amarelo ou rosa).
O torcedor começou a ser tratado como cliente; eu, sinceramente, prefiro ser torcedor. Em alguns estádios é proibido colocar faixas nos alambrados para não cobrir a publicidade, o torcer ganhou formas e normas. Expressar seu amor pelo time tem que ser sentado, hoje se aplaude um gol do arquirrival (exemplo disso é a torcida do Madrid aplaudindo um golaço do Messi), o futebol está sendo elitizado – exemplo claro das três primeiras divisões da Inglaterra que já tem os carnês da temporada 2009/2010 todos vendidos. Ou seja, o torcedor que não tem como comprar o carnê, que gostaria de ver apenas um jogo do seu time, já era, fica no pay-per-view.
Isso tudo porque na televisão – seja nas mesas redondas, seja nas transmissões de jogos – tudo é uma exaltação do novo futebol. A importação de pseudo-profissionalismo e uma civilidade elitista que exclui quem ama o time e coloca reais, dólares, euros nas contas dos clubes.
Vivemos uma era de transição na forma de torcer do brasileiro, que junto com sul americanos, turcos e minorias inglesas, italianas e alemãs (Derby County, Livorno e St. Pauli, por exemplo) vão aos estádios simplesmente por amor. O marco dessa mudança, ou não, será a Copa de 2014. Será o Brasil capaz de se modernizar sem perder o elemento mais importante do futebol – A TORCIDA ?
Gostei do texto!
ResponderExcluirPassa no blog do Coletivo Maria Baderna http://sheppadeingratu.blog.terra.com.br e dá uma olhada no último texto.
abraços!